domingo, 3 de maio de 2009

Há algo no mundo que nem fera
Feito a fogo e espera
Há algo no todo
Na boca do lobo
do outro
sinais de combate
na lua do corpo
no sangue do jorro
há algo de fera
campo e semente
dragões leão cabra serpente
no ceú não há estorvo
de longe são todos quimera

sapatos de sartre

sonhei com os sapatos de jean paul sartre
esse é um sonho recorrente
não eram verdadeiramente seus sapatos
mas alguma coisa neles o inscrevia
alguma coisa neles me dizia
leia suas páginas
eram sapatos tom sépia
eram sapatos cor de história
pareciam novos
tinham alguma coisa forjada – da memória – manuscrita
eram pequenos e fechados
e olhando muito rapidamente talvez nem fossem confortáveis
não estavam para ser
estavam ali para serem calçados
e eles me diziam – escolha
não é confortável mesmo
inscreva seu rumo e faça a leitura
eles tinham uma cor amarelada
não eram velhos - eram nobres e tinham prumo
e uma inscrição que eu não puder ler
mas eles me diziam - segue
no caminho vai doer - não os abandonem por isso
a leitura está no fim da estrada