sábado, 17 de abril de 2010

Lágrimas submersas não molham.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

vai
nossa vida não é feita para nós
ruptura - fissura mundana
fomos descolando nossas carnes
como quem rouba balas no supermercado
nos apropriando de outros sabores
sós
um par de pés - dois pares
fragmentados
em caminhos de abandono
não temos mais donos
não somos mais sonhos
giramos os olhos
circunscritos numa esfera vazia
tudo que veríamos
seria por nós
mas ao desatá-los
a linha teme ser reta
circular então
é poesia e métrica
o eterno retorno do velho sábio
se perdura
o mesmo dia do mesmo mês em todos os anos
revivo momentos de espera
revivo a dor do instante
revivo o ácido na boca
a espinha gelada
a respiração
a tontura das pernas
os ruídos incessantes
olhares do corredor
jalecos e janelas - torpor
o corte agudo na carne
a vida
rompida
em mim
ao nascer para o mundo
revivo o doce salgado das lágrimas
do rosto que se revela
e o reconhecimento da mão tesa sobre as suas
frágeis mãos que agora me buscam
no frio
do fora
sinto o cheiro
dos pelos ralos em sua cabeça
da minha própria pele
do sangue que seca
no corpo que te embala
sinto-me bicho
com a precisão exata
de ser mãe
como agora - 12 anos depois com a chegada do menino Renzo