sábado, 8 de outubro de 2011

deixe passar a ingratidão
ela mora na casa do medo
reside sozinha
vizinha a escuridão
ela e meia dúzia de cães chucros
que desfilam impafiosos ao meio dia

deixe passar a ignorância
ela não sabe por onde anda
mesmo que tenha certezas mas não as garanta

não ignore o erro
não será possível ver diretamente quem os acompanha
mas se seguir seus movimentos
pode ser que os passos revelem
debaixo do manto
cambaleantes
aqueles que o sustenta
podem ser numerosos e irreconhecíveis
porque andam em blocos
em máscaras que os cobrem invisíveis

não ignore o erro
nele está o acerto
nele está a resposta
que tanto procura
nos mudos ingratos
e também a certeza dos ignorantes


mas sobretudo
nunca substime o sonho
que normalmente anda sozinho
parece frágil e arredio
bradando em praças
ou tímido falando aos ouvidos
palavras incompreensíveis
reconheça o sonho
na rua
nas esquinas da sua própria vida
ele quer companhia
mas não oferece garantias
carrega com afinco
uma imagem que figura paisagem
feita de um risco quase ilegível
é preciso ler nas entrelinhas
o sonho insone pode ser visto todos os dias
nisso ele se diferencia
ao contrário da ignorância
é amigo do erro
não anda em matilhas
não se avizinha do medo
e não segue a esmo
um caminho vazio

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